- weethings
- há 7 dias
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criação e desenvolvimento de um projeto especial
Ano passado, durante as fotos de nossa campanha Claude, realizada na Casa Domschke, nossa fotógrafa nos contou sobre uma coleção de pedras que ela havia ganhado de sua avó materna há quase 40 anos, presente esse que tinha muito a ver com um sonho adolescente da época de se tornar gemóloga.
Com o amadurecimento, novas paixões surgiram e os caminhos da vida acabaram trazendo a fotografia como forma de expressão pessoal e profissional. Mas as pedras de sua avó Branca, e também materiais que ganhava de conhecidos e amigos de sua mãe a respeito de gemas naturais, mantinham o lugar especial de afeto e seguiam aguardando o momento em que deixariam de ser itens individuais e ganhassem corpo.
Ao nos contar toda essa história e sinalizar a vontade de transformar as pedras em joias, imediatamente marcamos uma conversa em nossa Caixa de Joias para que a Gra pudesse nos apresentar essa coleção de gemas, claro, mas também para falarmos mais a respeito da história por trás desses presentes repletos de afeto.

Durante nosso café na WEE BOX, a Gra nos contou sobre a personalidade e estilo de sua avó Branca, seu estilo autêntico e desprendido das imposições de uma época em que as mulheres eram mais pressionadas a se vestir e se apresentar de forma "tradicional" e semelhantes umas às outras. Também compartilhou histórias dos materiais que colecionou quando adolescente sobre o universo de pedras preciosas, como o livro "Gemas do Mundo", que uma joalheira amiga de sua mãe havia lhe dado de presente. E, é claro, nos apresentou as pedras que foram o início de toda nossa conversa sobre essas ricas memórias: citrinos, topázios, quartzos e ametistas de diferentes tamanhos e formas faziam parte da coleção, e uma lapidação específica chamou nossa atenção e logo se tornou foco principal da nossa ansiedade criativa: a lapidação cabochão.
Esse tipo de lapidação consiste em pedras que (geralmente) têm uma base plana e um topo sempre convexo, como meio ovo de Páscoa, por exemplo. Inclsuive nossas pedras do icônico anel Claude são cabochões, que, apesar de terem seu contorno orgânico, apresentam uma base plana e o topo curvo, figurativamente como uma montanha.
Retomando nossa conversa com a Gra, seu desejo era, de fato, eternizar o uso dessas gemas, ou seja, transformá-las em joias que acompanhariam sua vida, e a única premissa era que fizéssemos um anel para cada filha, ambas na casa dos 20 anos, para que ela pudesse presenteá-las com as pedras que um dia pertenceram à bisavó das meninas.
Com todos esses significados em mente e as pedras em mãos, nossa certeza antes mesmo dos primeiros croquis era que essa linha que apresentaríamos precisava ter um forte apelo de perpetuidade, ou seja, um desenho com fortes características contemporâneas e que ainda assim carregasse símbolos do passado, como se as joias resultantes desse processo criativo pudessem ser transportadas diretamente para o universo de dona Branca, passassem pela geração de sua filha Lúcia e, ao mesmo tempo, fizessem total sentido para o universo de Luiza e Marina, filhas de Graziella.

Com isso, além do nosso olhar contemporâneo, nossas inspirações buscaram referências dos anos 1960, com movimentos modernistas orgânicos que surgiam na produção arquitetônica global, assim como também nos anos 1980, com o universo das joalherias clássicas que passaram a explorar a lapidação cabochão em joias volumosas, robustas e statement.
O resultado se deu em um colar e quatro anéis que usavam essas pedras cabochão, superando não só as expectativas da Gra com as novas joias da família, como também nos deixando com um gostinho de "quero mais". Afinal, trabalhamos com uma quantidade limitada de pedras disponíveis, enquanto o desenho fluido, aconchegante e, ao mesmo tempo, imponente pedia que explorássemos mais a forma, a cor e a relação dessas joias.
Aqui vai um spoiler: mesmo após entregar as joias para Gra e sua família, passamos a explorar o desenho original, estudando novas formas, ângulos, cores e propostas para o que poderia se tornar uma linha mais extensa daquele universo.